Quando tinha uns 19 ou 20 anos comprei num sebo da PVZ (uma pequena cidade costeira no norte de Portugal) um livro que retratava a vida de um SHARP bettor das Horse Racing americanas.
Foi com esse livro que aprendi a arte das wagering (mais tarde, lendo os textos de Wong e Yao, aprendi a tornar o conhecimento que já detinha em algo muito mais técnico).
Numa das páginas do livro velho encontrei este texto:
“Em 1937 Joseph levou a mulher, Mildred, a gozar as férias de Inverno em Miami, onde, na companhia de Dominik e de outros amigos, começou a frequentar o hipódromo local.
De início não se sentiu particularmente atraído.
“Com os palpites dos amigos, declarou, fazia pequenas apostas mas nunca consegui nada, a não ser perdedores!”
Um encontro fortuito segundo ele, mudou tudo.
“Em certa tarde, Mildred apostou $2.00 num cavalo cotado a 99:1 Odds, porque gostou do seu nome”.
Dominik e Joseph gracejaram da escolha. Porém, um sujeito mais velho virou-se para ela e disse: “Não lhes ligue, senhora, fez uma boa escolha”.
O cavalo triunfou e Joseph entendeu valer a pena conhecer o estranho:
“Foi assim que aprendi a apostar em cavalos.
Acerquei-me dele: “Obrigado pelo palpite que deu à minha mulher. É o primeiro bem sucedido, desde que estamos aqui”.
“Ora essa, não precisava de agradecer; tomara o partido de Mildred com satisfação porque a viu nervosa quando Dominik e eu considerámos que o cavalo dela não oferecia a mínima esperança”.
Aproveitei e sondei-o: “Houve batota na corrida”?
Olhou-me espantado e retrucou: “Há quanto tempo frequenta o hipódromo”?
Não menti, confessei que há pouco. Ele riu-se. “Então, uma primeira coisa que deve aprender: mesmo que haja marmelada, nada é garantido”.
E contou-me a história daquele otário que preparou uma corrida que seria o golpe que todos sonhamos.
Tinha oito ou nove cavalos inscritos, em nome de diversas testas-de-ferro.
Organizavam de onde em onde esta disputa entre animais sem vitórias, para que os treinadores tivessem a oportunidade de ganhar com um cavalo derrotado em todo o ano.
Os bichos do sujeito estavam nessas condições, por isso pode reuni-los na mesma prova.
Forçosamente, havia outros inscritos também sem triunfos, mas o camaradinha pagou aos treinadores, que retiraram as montadas.
Portanto, tudo a postos.
Ele não perderia desta vez, tanto mais que dera instruções sobre qual o cavalo que deveria ganhar.
Distribuiu as apostas por todo o lado, preparando-se para embolsar duzentos mil dólares.
Resumo: o cavalo que seria o vencedor levou um bom avanço ao passar pela recta.
Sozinho, nenhum jóquei podia ultrapassá-lo, ainda que o quisesse.
O que é que acontece de repente? O cavalo tropeça, parte uma pata, e foi o ponto final no arranjinho!
Bolas! Exclamei. “Percebo aonde quer chegar, mas como sabia que o cavalo em que a minha mulher apostou ia vencer”?
Era precisamente o que tentava dizer-me.
Não sabia se ganhava este ou aquele.
Cada cavalo numa corrida tem uma determinada probabilidade, noção que convinha eu fixasse.
Residia aí o aliciante do desporto.
Contudo, as possibilidades que antevira derivaram de saber que o cavalo fora treinado a preceito.
Inclusive, um cavalariço revelou-lhe a marca do último apronto.
Nessa ordem de ideias, rematei, o principal é ter um bom entendimento de tudo o que rodeia o acto em si.
“Sem dúvida, apoiou, se pretende ser afiado (Sharp) nisto das apostas.
Assim, pode-se ter uma Edge!
Se dermos ouvidos a essa cambada de palpiteiros quadrados (Square), arrancam-nos simplesmente a camisa”
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
O livro velho.
Publicada por
Jopata
à(s)
13:03
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